quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Citações sobre livros ou leituras

Eu podia citar todo o livro, um dos mais bonitos que ja li.
 (...)E foi então que apareceu a raposa:
- Boa dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho,
que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo,
propôs o principezinho.
Estou tão triste...
- Eu não posso brincar
 contigo,
 disse a raposa. Não
 me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse
 o principezinho.
Após uma reflexão,
acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho.
Que quer dizer "cativar"?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam.
 É bem incômodo!
Criam galinhas também. É a única coisa
 interessante que fazem.
Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos.
Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim
senão um menino inteiramente igual a cem mil
 outros meninos. E eu não tenho necessidade de ti.
 E tu não tens também necessidade de mim.
Não passo a teus olhos de uma
 raposa igual a cem mil outras raposas. Mas,
 se tu me cativas, nós teremos
 necessidade um do outro. Serás para
mim único no mundo.
E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho.
Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...
- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa
na Terra...
- Oh! não foi na Terra, disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
- Num outro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse planeta?
- Não.
- Que bom! E galinhas?
- Também não.
- Nada é perfeito, suspirou a raposa.
Mas a raposa voltou à sua idéia.
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os
homens caçam-me.
Todas as galinhas se parecem e todos os homens
se parecem também.
 E por isso eu aborreço-me um pouco. Mas se tu me
 cativas, a minha vida será como que cheia de sol.
Conhecerei um barulho de passos que
 será diferente dos outros. Os outros passos 
fazem-me entrar debaixo da terra.
O teu chamará-me para fora da toca, como se fosse
música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos
de trigo? Eu não como pão.
 O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não
 me lembram coisa alguma.
 E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro.
Então será maravilhoso
quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado,
fará lembrar-me de ti.
 E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho
 muito tempo.
Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse
 a raposa.
Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa.
Compram tudo
 pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de
amigos, os homens
não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu sentarás-te
primeiro
um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu olharei para ti
 com o canto do olho e tu não dirás nada.
 A linguagem é uma fonte de mal-entendidos.
Mas, cada dia,  sentarás-te mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa.
 Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde,
desde as três eu começarei a ser feliz.
Quanto mais a hora for chegando, mais eu me
sentirei feliz.
 Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada:
descobrirei o preço da felicidade!
 Mas se tu vens a qualquer momento, nunca
saberei a hora de preparar
o coração... É preciso ritos.
- Que é um rito? perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa.
É o que faz com que um dia seja diferente dos
outros dias; uma hora, das outras horas.
Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito.
Dançam na quinta-feira
com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia
maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores
dançassem qualquer dia, os dias seriam
 todos iguais, e eu não teria férias!
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas,
quando chegou a hora
da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te
fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da
cor do trigo.Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua
é a única no mundo.
Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente
de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente
 iguais à minha rosa, vós não
 sois nada ainda. Ninguém ainda
vos cativou, nem cativastes a
 ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a
cem mil outras. Mas eu fiz dela
 um amigo. Ela á agora única
no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.

- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda.
Não se pode morrer por vós.
Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer
pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém,
mais importante que vós todas,
pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela
que pus sob a redoma. Foi a ela
que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu
matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas).
Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou
 mesmo calar-se algumas vezes.
É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples:
só se vê bem com o coração. O essencial é invisível
 para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho,
a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa
 tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu
o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer. Tu tornas-te eternamente
responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável
pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o
principezinho, a fim de se lembrar. (...)

LE PETIT PRINCE - SAINT EXUPERY

fonte: http://triplov.com/

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